Educação Aberta: Práticas, Tecnologias e Políticas

Disciplina optativa do Mestrado Profissional.

Oferta cancelada

Terças-feiras, 09h00-11h40, FE-01 Sala 04
Modo: Presencial com diversas atividades online

Ementa

A aplicação do conceito de abertura na educação em perspectiva histórica e contemporânea. As relações da educação com o acesso a informação, o acesso aberto ao conhecimento científico e o software e hardware livre. As Práticas e Recursos Educacionais Abertos (REA) como pilares da educação aberta na cultura digital e na era da inteligência artificial generativa. A diferença entre o livre, o público, o grátis e aberto. A educação na cultura digital e sua relação com direitos digitais privacidade, transparência e plataformas de vigilância e controle.

Licença livre de conteúdo

Todo conteúdo que você (aluna/o) produzir e publicar durante a condução desse curso, incluindo aquilo que você entregar como parte de alguma atividade dessa disciplina, terá obrigatoriamente uma licença Creative Commons Atribuição-Compartilha Igual 4.0 a não ser que você se manifeste ao contrário. Vamos aprender o significado disso no início do semestre. Isso significa que o material que você criar será disponibilizado para o público, e poderá ser:

  • Compartilhado, permitindo à terceiros copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato.
  • Adaptado – permitindo à terceiros remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.

Plataformas

Vamos usar plataformas federadas e livres. Em alguns momentos, será uma experimentação, faz parte do nosso aprendizado. Sempre teremos uma solução alternativa, caso necessário (redundância é princípio básico da Educação Aberta).

  • Element – para comunicação privada entre nós
  • Mastodon – Discussões públicas e reflexões públicas. Nossa hashtag em todas as postagens será (a definir!)
  • Contribuir no Excalidraw
  • Espaço para postagens abertas (blog no WriteFreely, PubPub, WordPress, ou outro)
  • ConfWeb – discussões virtuais quando necessário ou combinado

Avaliação

Começaremos com duas atividades que devem acontecer toda semana:

  • Reflexões individuais em seu blog – 60%
  • Resumo software livre na Wikiversidade – 5%
  • Apresentação software livre – 10%
  • Apresentação sobre iniciativa REA – 10%
  • Apresentação e postagem final sobre futuros – 15%

Atividades recorrentes

Toda semana você deve, até domingo:

  • Postar em seu blog uma reflexão crítica sobre o tema
  • Postar uma chamada em sua conta no Mastodon com nossa hashtag

Módulos e temas

15/out – Por que ‘aberto’?

Apresentação da matéria, conceitos e atividades.
Discussão sobre Educação Aberta.
Criar sistemas e contas para interação.

Para semana que vem
  1. Leia o artigo Ciência Aberta: Correntes interpretativas e tipos de ação para ter uma leve introdução ao que é a ciência aberta.
  2. Veja um bom exemplo de acesso aberto ao conhecimento científico navegando no DOAJ. Encontre um artigo em acesso aberto interessante pra você!
  3. Veja o vídeo O Menino da Internet: A História de Aaron Swartz (vídeo, longa metragem). Se o link estiver quebrado, busque pelo nome online, tenha fé.
  4. Para debate em sala de aula explore os seguintes sites: Libgen, Scihub. Você acha justo?

22/outubro – Acesso aberto

O acesso aberto hoje é um movimento consolidado e que foi motor para muitas outras ações de abertura (não sem desafios, como evidenciamos nas crises de acesso ao conhecimento durante Zika e nos pactos para liberação de conhecimento global sobre a COVID-19). O conhecimento (científico) deve ser aberto à todos? Como isso deve ser efetivado? Quais modelos são viáveis? Quem paga essa conta? Até que ponto podemos chegar para conseguir que isso aconteça? Vamos debater essas questões em aula e tirar dúvidas sobre plataformas, sistemas.

Para semana que vem
  1. Até domingo a noite, poste sua reflexão sobre acesso aberto e anuncie no Mastodon.
  2. Não sabe nada sobre software livre? Leia o artigo de Maria Helena Bonilla.
  3. Depois veja essa animação sobre o potencial do código aberto.
  4. Código aberto é bom, mas é só parte do que precisamos. O mais importante para o movimento são as quatro liberdades. Leia a definição básica das liberdades elas são essenciais para nossas discussões sobre abertura. Foco nisso!
  5. Depois, vamos dividir capítulos de um livro já antigo mas que apresenta muito bem os princípios e histórico do software livre com uma perspectiva bem nossa: Software livre: A luta pela liberdade do conhecimento (livro, leitura).
  6. Sugiro que você leia um pouco de tudo (ou ao menos o resumo) mas você deve apresentar brevemente seu capítulo semana que vem (oral, papo) em aula.
  7. Em aula vou falar sobre a Wikiversidade e para semana que vem você deve exercitar uma prática aberta ampliando o resumo coletivo feito por alunos no passado.

29/outubro – Código aberto e o software livre

Dos que vamos estudar, o movimento mais consolidado. O mundo pararia sem software livre (do foguete da SpaceX ao seu celular). Muitos dos princípios que fazem parte desse movimento foram diretamente importados pela educação. As ‘liberdades” e as licenças livres de software influenciaram diretamente na construção das licenças abertas para a cultura e educação (como veremos mias para frente, Creative Commons), e o ‘código aberto’ do software livre é a base dos formatos abertos, tão importantes para o reúso e o remix de recursos educacionais abertos. Ao ler os textos abaixo, procure entender esses ‘princípios’ muito mais do que a discussão sobre software em si.

05/novembro – Semana universitária

Não há encontro presencial. Participe das atividades da semana!

Para semana que vem
  1. Poste sua contribuição colaborativa na Wikiversidade
  2. Prepare sua apresentação individual sobre um software livre (orientações abaixo).

12/novembro – Código aberto e o software livre

Apresentação dos alunos.

Orientações: Identifique algum (ou mais de um) software livre ou serviço/plataforma baseado em software livre que se associa a sua área de conhecimento. Apresente esse software para o grupo. Temos uma curadoria (Escolha Livre!) que pode lhe ajudar com ideias boas.

Baixe o software (ou use online). Veja o site, dê uma olhada nos links, explore mesmo. Venha preparado para apresentar o software e como você usaria no seu contexto ou projeto.

Depois, também nos dizer (1) como você sabe que é um software livre? (2) qual a licença desse software? (3) de que maneira você acha que os princípios do software livre fazem sentido para esse software/comunidade? (4) existe uma comunidade de apoio em volta do software? apresente evidências e indique de que modos as pessoas participam.

Para semana que vem
  1. Até domingo a noite, poste sua reflexão sobre acesso aberto e anuncie no Mastodon.

19/novembro – 3o Congresso Global de REA

Não haverá encontro presencial. Participe de atividades online. Vamos realizar algo em grupo, a definir assim que a programação estiver organizada pela UNESCO.

Para semana que vem
  1. Até domingo a noite, poste sua reflexão sobre o 3o Congresso REA e anuncie no Mastodon.
  2. Comece com Ítalo Calvino: Castelo dos destinos cruzados (será enviado no grupo).
  3. Depois siga com Leonardo Villa-Forte (enviado no grupo), que explica um pouco melhor como se dão estratégias de apropriação que permitem esses entrecruzamentos em: Escrever sem escrever: literatura e apropriação no século XXI.
  4. Nas artes plásticas temos expressões similares, veja Uma Revolução artística, feita com tesouras e cola (original em inglês ou tradução automática).
  5. E por fim, um autor clássico e importante para qualquer assunto relacionado ao remix é Lev Manovich. O texto Remixability and Modularity (original em inglês) é sucinto e explica bem o remix em tempos digitais.

Precisa traduzir qualquer coisa? Hoje em dia (e para português), não deve ser uma barreira. Use o Deepl, por exemplo.

26/novembro – Hipertexto, remix, reúso

Agora já temos dois bons exemplos de áreas onde a abertura teve enorme impacto. Vamos começar a focar na área da educação. Os princípios da abertura também podem ser vistos por ângulos que não são estritamente técnicos. Ao ler os textos abaixo, pense no significado do leitor e do autor; no conceito de linearidade da leitura (digital, mas também na impressa); no significa de apropriação, reuso e remix em suas diversas formas e como olhar para esse conceitos com maior flexibilidade nos permite ver identificar novas papeis e novas formas criação. A literatura lançou o hipertexto antes do hipertexto existir. Não faz sentido? Vamos conversar.

Para semana que vem
  1. Até domingo a noite, poste sua reflexão sobre Hipertexto, reúso e remix e anuncie no Mastodon.
  2. Veja o filme (longa, mas não tão longa), Good copy, bad copy (ative legendas em Português), feito na época que essa discussão estava no auge e inclui um bom exemplo brasileiro. Os conceitos abordados aqui sobre remix, reuso, e principalmente direitos vão ser importantes para as próximas discussões sobre licenças livres.
  3. Mais contemporâneo, veja Refik Anadol (vídeo curto), que, com belos exemplos visuais, fala sobre o papel da IA na criação cultural, antes do hype do ChatGPT. Perceba como o conceito de mídias como dados se torna importante (é algo que vamos usar).

03/dezembro – Cultura digital

Vamos voltar para meados de 1995, e com mais ênfase nos anos 2000. Alguma coisa mudou com a proliferação do acesso a web e protocolos que permitiram colaboração. A guinada em direção à novas mídias transformou radicalmente o cenário de produção cultural, e por consequência os insumos que adotamos na esfera da educação.

Para semana que vem
  1. Até domingo a noite, poste sua reflexão sobre Cultura digital e anuncie no Mastodon.
  2. Comece com um texto denso mas importante e atual de Allan Rocha de Souza e Daniel de Paula Pereira que traz a discussão pro campo da educação interseções entre educação e direitos autorais.
  3. Depois, vá com Eduardo Magrani apresentando os limites que do ‘fair use’ no Brasil em Exceções e limitações no direito autoral brasileiro: Críticas à restritividade da lei brasileira, historicidade e possíveis soluções.
  4. Tire suas dúvidas práticas com o guia de Perguntas e Respostas: Direito Autoral e Educação Aberta e a Distância. Vamos usá-lo como base para discussões em sala de aula.

10/dezembro – Direito Autoral

No contexto da cultura digital, um conceito de direito autoral inflexível, com base em ‘todos’ os direitos reservados cria um desequilíbrio enorme entre o direito dos autores e direitos fundamentais (acesso à educação, à cultura, por exemplo). Ao ler os textos abaixo, busque compreender o que buscamos com direito autoral (equilíbrio entre direitos); entenda o que são exceções e limitações (como o conceito de ‘fair use’ ou ‘uso justo’); observe como uma interpretação menos restritiva, menos conservadora, avançou bastante nos últimos anos no campo dos usos educacionais. Esse é um tema complexo e vamos usar um tempo para discuti-lo.

Para semana que vem
  1. Até domingo a noite, poste sua reflexão sobre direito autoral e anuncie no Mastodon.
  2. Antes ou depois, você pode querer um resumo bem simples pra começar, então veja Nerdson não vai à escola.
  3. Quer se aprofundar? Leia trechos de Sergio Branco e Walter Brito: O que é Creative Commons? Vamos discutir bastante em sala de aula. É mais fácil aprender fazendo.

17/dezembro – Licenças livres

As licenças livres nascem como uma maneira de flexibilizar ‘todos’ os direitos reservados. Elas não modificam ou alteram a Lei de Direitos Autorais; só providenciam um mecanismo para autores e detentores de direitos. Nesse encontro vamos fazer um ‘mão na massa’ para explorar e conhecer licenças livres, como encontrar recursos com licenças livres e como publicar utilizando licenças livres. Vamos abordar diferentes licenças (e.g. software, conteúdo) e suas diferenças. Nosso enfoque será em Creative Commons.

Para semana que vem
  1. Até domingo a noite, poste sua reflexão sobre licenças livres ou CC e anuncie no Mastodon.
  2. Vamos explorar o documento normativo mais importante sobre o tema, a Recomendação REA da UNESCO (2019). Dê uma olhada por cima e procure o que lhe interessa.
  3. Depois leia um texto que resumo o panorama brasileiro: REA no Brasil: 10 anos de ativismo (vamos atualizar essas informações em sala de aula), para começar a entender o protagonismo brasileiro no tema.
  4. Veja o lindo exemplo da obra livre de Olga de Dios (livros infantis), leia (você pode baixar, é abrto!) ao menos o livro Pájaro Amarillo e sua Filosofia de Trabalho. Vale também ler a entrevista feito pelo Paulo Salas. Para despertar a reflexão, autora permite download gratuito de livros infantis. Quer mais, veja o African Storybook, e o Story Weaver.

07/janeiro – Recursos Educacionais Abertos

REAs (e suas licenças livres) são os grandes catalisadores do movimento da educação aberta contemporânea. Note como os conceitos de autoria, acesso ao conhecimento (acesso aberto), licenças abertas (direito autoral), formatos abertos (software livre), e outros entram em confluência e se potencializam nos ideias dos REA.

Muita gente associa o aberto e o livre com ‘público’ ou ‘grátis’. Estas coisas não são iguais, mas muitas vezes se encontram. O mercado é parte importante do movimento para abertura. No software, não há grande empresa que não trabalhe com software livre (Microsoft, Google); na ciência aberta as grandes editoras todas se adaptaram à novos modelos (Elsevier, e afins); na educação, temos inserção clara de licenças abertas em grandes espaços de atuação de editoras, como o PNLD (Plano Nacional do Livro e do Material Didático/MEC). Como se sustentam iniciativas ‘abertas’?

Para semana que vem
  1. Até domingo a noite, poste sua reflexão sobre REA e anuncie no Mastodon.
  2. Comecemos com uma perspectiva que trata de práticas com REA com: Práticas pedagógicas no ensino superior: Atos éticos e estéticos na construção de uma cultura REA (cap 2).
  3. Depois vamos para um texto recente que buscar ir além: Open Educational Practices from the perspective of open educators: Contributions to teacher professional development.

14/janeiro – Práticas Educacionais Abertas

As práticas abertas são um conceito emergente. Temos dois campos – um parte do princípio de que a ‘abertura’ (principalmente os REA) nos permite fazer um bocado de coisas que não podíamos no passado. Outro defende que conceitos de PEA são um resgate histórico do que já buscamos fazer no passado com os princípios de uma educação progressista. Vamos explorar ambos.

Para semana que vem
  1. Até domingo a noite, poste sua reflexão sobre PEA e anuncie no Mastodon.
  2. Prepare sua apresentação sobre iniciativa REA.

21/janeiro – Recursos Educacionais Abertos no contexto brasileiro e internacional

Para essa semana, vamos navegar pelo site da Coalizão Dinâmica Depois, vamos explorar o recém lançado portal da Coalização Dinâmica de REA da UNESCO e identificar projetos de interesse para explorar mais e discutir na semana que vem.

Em aula: apresentação dos alunos e discussão sobre projetos e iniciativas escolhidos.

Para semana que vem
  1. Até domingo a noite, poste o resumo da sua apresentação sobre o projeto ou iniciativa REA e anuncie no Mastodon.
  2. Teremos um texto (entrevista, curto) como base para nossa discussão: Como a Big Data coloniza a Educação brasileira. Pense sobre como isso se relaciona com educação aberta.
  3. Leia o artigo “Open education and platformization: Critical perspectives for a new social contract in education”. Pra entender a conexão entre EA e as plataformas.
  4. Ainda, explore os dados do Educação Vigiada.
  5. Por fim, veja as consequências de algumas dessas questões para REA, se você estiver animado: A apropriação privada do bem comum: Recursos Educacionais Abertos na encruzilhada. Vamos discutir isso em aula.

28/janeiro – As plataformas, o mercado privado e a abertura

Não só de aspectos técnicos se faz a educação aberta. Aqui começaremos a navegar em territórios éticos. No âmbito da cultura digital, e permeados como estamos por plataformas que fazem a ‘mediação’ da nossa vida (não só online), temos que pensar nas escolhas que são feitas e nos princípios que podem guiá-las. Tente compreender os problemas e desafios do avanço de grandes plataformas do capitalismo de vigilância na educação. De que forma conceitos como privacidade e coleta e tratamento de dados tem relação e impacto na educação e como o conceito de ‘abertura’ pode nos ajudar a pensar em outros futuros tecnológicos. A palavra da vez é ‘plataformização’.

Para semana que vem
  1. Até domingo a noite, poste sobre plataformização e anuncie no Mastodon.

04/fevereiro – IA generativa e abertura

Os Large Language Models (LLM), uma manifestação específica se tornaram o grande hype de 2023. Em grande parte, isso se deve a um produto específico – ChatGPT, da OpenAI. Apesar de grandes exageros e muitos palpites, não há como negar que LLMs contribuem para pensarmos em diversos desafios na educação. Aqui, vamos abordar o tema a partir da questão da abertura focando em dois grandes temas: (1) de que forma a IA generativa impacta as discussões sobre direito autoral? e (2) de que forma a IA entra na educação através da plataformização e qual é o seu impactos no movimento da educação aberta?

Para semana que vem
  1. Até domingo a noite, poste sobre IA e abertura e anuncie no Mastodon.
  2. Prepare seu texto sobre a sua apresentação sobre o futuro da educação (aberta). Publique rascunho 1 até dia 13 de fevereiro.

11/fevereiro – Sem encontro

Respiro, finalize as atividades.

Para semana que vem
  • Publique seu texto sobre a sua apresentação sobre o futuro da educação (aberta).
  • Comente no texto de algum colega para feedback até dia 15 de fevereiro.

18/fevereiro – Apresentações

Último dia programado. Encontro (e confraternização) final.

Apresentação sobre o futuro da educação com base em princípios de abertura (última postagem, mais longa, no Blog).

Créditos

Imagem: Security lock. CC-Zero, disponível em: https://openclipart.org/detail/314723/cyber-security-lock

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