Terças-feiras, 14h00-17h40
Modo: Presencial com diversas atividades online (sala a definir, na Faculdade de Educação/UnB)
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Ementa
A aplicação do conceito de abertura na educação em perspectiva histórica e contemporânea. As relações da educação com o acesso a informação, o acesso aberto ao conhecimento científico e o software e hardware livre. As Práticas e Recursos Educacionais Abertos (REA) como pilares da educação aberta na cultura digital e na era da inteligência artificial generativa. A diferença entre o livre, o público, o grátis e aberto. A educação na cultura digital e sua relação com direitos digitais privacidade, transparência e plataformas de vigilância e controle.
Licença livre de conteúdo
Todo conteúdo que você (aluna/o) produzir e publicar durante a condução desse curso, incluindo aquilo que você entregar como parte de alguma atividade dessa disciplina, terá obrigatoriamente uma licença Creative Commons Atribuição-Compartilha Igual 4.0 a não ser que você se manifeste ao contrário. Vamos aprender o significado disso no início do semestre. Isso significa que o material que você criar será disponibilizado para o público, e poderá ser:
- Compartilhado, permitindo à terceiros copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato.
- Adaptado – permitindo à terceiros remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
Plataformas
Vamos usar plataformas federadas e livres. Em alguns momentos, será uma experimentação, faz parte do nosso aprendizado. Sempre teremos uma solução alternativa, caso necessário (redundância é princípio básico da Educação Aberta).
- Matrix.org/Element – para comunicação privada entre o grupo
- Mastodon – Discussões públicas e reflexões públicas. Nossa hashtag em todas as postagens será (a definir!)
- Espaço para postagens abertas (blog no WriteFreely, PubPub, WordPress, ou outro)
- ConfWeb – discussões virtuais quando necessário ou combinado
Avaliação
Começaremos com duas atividades que devem acontecer toda semana:
- Postagens públicas com uma provocação, dúvida, informações (links, boas referências, expansões da discussão) ou posicionamento a ser enviada publicamente no Mastodon – 20%
- Reflexões individuais em seu blog, a serem publicadas até a segunda-feira depois do encontro, que aborde o tema de semana – 60%
- Apresentações e atividades em sala de aula – 20%
Módulos e temas
29/agosto – Por que ‘aberto’?
Apresentação da matéria, conceitos e atividades. Discussão sobre Educação Aberta. Criar sistemas e contas para interação.
Crie sua conta no Mastodon (tutorial). Crie no servidor mastodon.online
Crie sua conta na Wikiversidade (tutorial)
Se decidirmos usar, crie sua conta no Element (tutorial)
05/setembro – Acesso aberto
O acesso aberto hoje é um movimento consolidado e que foi motor para muitas outras ações de abertura (não sem desafios, como evidenciamos nas crises de acesso ao conhecimento durante Zika e nos pactos para liberação de conhecimento global sobre a COVID-19). O conhecimento (científico) deve ser aberto à todos? Como isso deve ser efetivado? Quais modelos são viáveis? Quem paga essa conta? Até que ponto podemos chegar para conseguir que isso aconteça? Vamos debater essas questões em aula.
Leia o artigo Ciência Aberta: Correntes interpretativas e tipos de ação para ter uma leve introdução ao que é a ciência aberta.
Veja um bom exemplo de acesso aberto ao conhecimento científico em DOAJ.
Veja o vídeo O Menino da Internet: A História de Aaron Swartz (vídeo, longa metragem)
Para debate em sala de aula explore os seguintes sites: Libgen, Scihub
12/setembro – Código aberto e o software livre
Dos que vamos estudar, o movimento mais consolidado. O mundo pararia sem software livre (do foguete da SpaceX ao seu celular). Muitos dos princípios que fazem parte desse movimento foram diretamente importados pela educação. As ‘liberdades” e as licenças livres de software influenciaram diretamente na construção das licenças abertas para a cultura e educação (como veremos mias para frente, Creative Commons), e o ‘código aberto’ do software livre é a base dos formatos abertos, tão importantes para o reuso e o remix de recursos educacionais abertos. Ao ler os textos abaixo, procure entender esses ‘princípios’ muito mais do que a discussão sobre software em si.
Comece vendo essa animação sobre o potencial do código aberto. Código aberto é bom, mas é só parte do que precisamos. O mais importante para o movimento são as quatro liberdades. Leia a definição básica das liberdades elas são essenciais para nossas discussões sobre abertura.
Vamos dividir capítulos de um livro já antigo mas que apresenta muito bem os princípios e histórico do software livre com uma perspectiva bem nossa: Software livre: A luta pela liberdade do conhecimento (livro, leitura).
Sugiro que você leia um pouco de tudo (ou ao menos o resumo) mas você deve apresentar brevemente seu capítulo semana que vem (oral, papo) em aula.
Em aula vou falar sobre a Wikiversidade e para semana que vem você deve exercitar uma prática aberta ampliando o resumo coletivo feito por alunos no passado.
Para isso, vamos dividir capítulos e editar seções da página na Wikiversidade. Escolha qual trecho você vai focar nesse pad (coloque seu nome).
19/setembro – Código aberto e o software livre
Identifique algum (ou mais de um) software livre ou serviço/plataforma baseado em software livre que se associa a sua área de conhecimento. Apresente esse software para o grupo. Temos uma curadoria (em breve um site) e a tabela dinâmica de software livre, que podem lhe ajudar com ideias boas.
Baixe o software (ou use online). Veja o site, dê uma olhada nos links, explore mesmo. Venha preparado para apresentar o software e como você usaria. Depois, também nos dizer (1) como você sabe que é um software livre? (2) qual a licença desse software? (3) de que maneira você acha que os princípios do software livre fazem sentido para esse software/comunidade? (4) existe uma comunidade de apoio em volta do software? apresente evidências e indique de que modos as pessoas participam.
26/setembro – Semana universitária
Não há encontro presencial. Participe das atividades da semana!
03/outubro – Hipertexto, remix, reuso
Agora já temos dois bons exemplos de áreas onde a abertura teve enorme impacto. Vamos começar a focar na área da educação. Os princípios da abertura também podem ser vistos por ângulos que não são estritamente técnicos. Ao ler os textos abaixo, pense no significado do leitor e do autor; no conceito de linearidade da leitura (digital, mas também na impressa); no significa de apropriação, reuso e remix em suas diversas formas e como olhar para esse conceitos com maior flexibilidade nos permite ver identificar novas papeis e novas formas criação. Os materiais não são ‘abertos’ então estarão disponíveis em uma pasta com link enviado por e-mail.
A literatura lançou o hipertexto antes do hipertexto existir. Não faz sentido? Experimente, começando com Ítalo Calvino: Castelo dos destinos cruzados. Depois siga com Leonardo Villa-Forte, que explica um pouco melhor como se dão estratégias de apropriação que permitem esses entrecruzamentos em: Escrever sem escrever: literatura e apropriação no século XXI. Nas artes plásticas temos expressões similares, veja Uma Revolução artística, feita com tesouras e cola (original em inglês ou tradução automática). E por fim, um autor clássico e importante para qualquer assunto relacionado ao remix é Lev Manovich. O texto Remixability and Modularity (original em inglês) é sucinto e explica bem o remix em tempos digitais.
Precisa traduzir qualquer coisa? Hoje em dia (e para português), não deve ser uma barreira. Use o Deepl, por exemplo.
10/outubro – Cultura digital
Encontro mediado pela Profa. Djaine Damiati (regular, presencial)
Alguma coisa mudou com a proliferação do acesso a web e protocolos que permitiram colaboração. A guinada em direção à novas mídias transformou radicalmente o cenário de produção cultural, e por consequência os insumos que adotamos na esfera da educação.
Veja o filme (longa, mas não tão longa), Good copy, bad copy (ative legendas em Português), feito na época que essa discussão estava no auge e inclui um bom exemplo brasileiro. Os conceitos abordados aqui sobre remix, reuso, e principalmente direitos vão ser importantes para as próximas discussões sobre licenças livres. Mais contemporâneo, veja Refik Anadol (vídeo curto), que, com belos exemplos visuais, fala sobre o papel da IA na criação cultural, antes do hype do ChatGPT. Perceba como o conceito de mídias como dados se torna importante (é algo que vamos usar).
17/outubro – Direito Autoral
No contexto da cultura digital, um conceito de direito autoral inflexível, com base em ‘todos’ os direitos reservados cria um desequilíbrio enorme entre o direito dos autores e direitos fundamentais (acesso à educação, à cultura, por exemplo). Ao ler os textos abaixo, busque compreender o que buscamos com direito autoral (equilíbrio entre direitos); entenda o que são exceções e limitações (como o conceito de ‘fair use’ ou ‘uso justo’); observe como uma interpretação menos restritiva, menos conservadora, avançou bastante nos últimos anos no campo dos usos educacionais. Esse é um tema complexo e vamos usar um tempo para discut-lo.
Comece com um texto denso mas importante e atual de Allan Rocha de Souza e Daniel de Paula Pereira que traz a discussão pro campo da educação interseções entre educação e direitos autorais. Eduardo Magrani apresenta os limites que do ‘fair use’ no Brasil em Exceções e limitações no direito autoral brasileiro: Críticas à restritividade da lei brasileira, historicidade e possíveis soluções.
Tire suas dúvidas práticas com o guia de Perguntas e Respostas: Direito Autoral e Educação Aberta e a Distância. Vamos usá-lo como base para discussões em sala de aula.
Por fim, vamos discutir o avanço do PL 2370/2019 que busca reformular a LDA como parte da luta contra ‘fake news’. Vamos discutir e debater isso online na semana que vem.
24/outubro – Pausa
Não haverá encontro presencial. Interação online.
Tempo para atualizar as reflexões, comentários de colegas e do professor.
31/outubro – Licenças livres
As licenças livres nascem como uma maneira de flexibilizar ‘todos’ os direitos reservados. Elas não modificam ou alteram a Lei de Direitos Autorais; só providenciam um mecanismo para autores e detentores de direitos. Nesse encontro vamos fazer um ‘mão na massa’ para explorar e conhecer licenças livres, como encontrar recursos com licenças livres e como publicar utilizando licenças livres. Vamos abordar diferentes licenças (e.g. software, conteúdo) e suas diferenças. Nosso enfoque será em Creative Commons.
Vamos discutir bastante em sala de aula. É mais fácil aprender fazendo. Antes ou depois, você pode querer um resumo bem simples pra começar, então veja Nerdson não vai à escola. Quer se aprofundar? Leia trechos de Sergio Branco e Walter Brito: O que é Creative Commons?
07/novembro – Recursos Educacionais Abertos
REAs (e suas licenças livres) são os grandes catalisadores do movimento da educação aberta contemporânea. Note como os conceitos de autoria, acesso ao conhecimento (acesso aberto), licenças abertas (direito autoral), formatos abertos (software livre), e outros entram em confluência e se potencializam nos ideias dos REA.
REA é um movimento global. Vamos explorar o documento normativo mais importante sobre o tema, a Recomendação REA da UNESCO (2019) e comentá-la. Depois leia um texto que resumo o panorama brasileiro: REA no Brasil: 10 anos de ativismo (vamos atualizar essas informações em sala de aula), para começar a entender o protagonismo brasileiro no tema.
Muita gente associa o aberto e o livre com ‘público’ ou ‘grátis’. Estas coisas não são iguais, mas muitas vezes se encontram. O mercado é parte importante do movimento para abertura. No software, não há grande empresa que não trabalhe com software livre (Microsoft, Google); na ciência aberta as grandes editoras todas se adaptaram à novos modelos (Elsevier, e afins); na educação, temos inserção clara de licenças abertas em grandes espaços de atuação de editoras, como o PNLD (Plano Nacional do Livro e do Material Didático/MEC). Como se sustentam iniciativas ‘abertas’?
A obra livre de Olga de Dios (livros infantis), leia (você pode baixar, é abrto!) ao menos o livro Pájaro Amarillo e sua Filosofia de Trabalho. Vale também ler a entrevista feito pelo Paulo Salas. Para despertar a reflexão, autora permite download gratuito de livros infantis
14/novembro – Práticas Educacionais Abertas
As práticas abertas são um conceito emergente. Temos dois campos – um parte do princípio de que a ‘abertura’ (principalmente os REA) nos permite fazer um bocado de coisas que não podíamos no passado. Outro defende que conceitos de PEA são um resgate histórico do que já buscamos fazer no passado com os princípios de uma educação progressista. Vamos explorar ambos.
Comecemos com uma perspectiva que trata de práticas com REA com: Práticas pedagógicas no ensino superior: Atos éticos e estéticos na construção de uma cultura REA (cap 2). Depois vamos para um texto recente que buscar ir além: Open Educational Practices from the perspective of open educators: Contributions to teacher professional development (em publicação).
21/novembro – Recursos Educacionais Abertos no contexto brasileiro e internacional
Para essa semana, vamos navegar pelo site da Coalizão Dinâmica Depois, vamos explorar o recém lançado portal da Coalização Dinâmica de REA da UNESCO (em breve!) e identificar projetos de interesse para explorar mais e discutir na semana que vem.
Em aula: apresentação e discussão sobre projetos e iniciativas escolhidos.
28/novembro – As plataformas, o mercado privado e a abertura
Aula online com a Profa. Janaina Diniz (UEMG), membro do Observatório Educação Vigiada. Link de acesso à aula será enviado no Element.
Não só de aspectos técnicos se faz a educação aberta. Aqui começaremos a navegar em territórios éticos. No âmbito da cultura digital, e permeados como estamos por plataformas que fazem a ‘mediação’ da nossa vida (não só online), temos que pensar nas escolhas que são feitas e nos princípios que podem guiá-las. Tente compreender os problemas e desafios do avanço de grandes plataformas do capitalismo de vigilância na educação. De que forma conceitos como privacidade e coleta e tratamento de dados tem relação e impacto na educação e como o conceito de ‘abertura’ pode nos ajudar a pensar em outros futuros tecnológicos. A palavra da vez é ‘plataformização’.
Teremos um texto (entrevista) como base para nossa discussão: Como a Big Data coloniza a Educação brasileira. Pense sobre como isso se relaciona com educação aberta.
Ainda, explore os dados do Educação Vigiada. Por fim, veja as consequências de algumas dessas questões para REA em: A apropriação privada do bem comum: Recursos Educacionais Abertos na encruzilhada.
05/dezembro – IA generativa e abertura
Os Large Language Models (LLM), uma manifestação específica se tornaram o grande hype de 2023. Em grande parte, isso se deve a um produto específico – ChatGPT, da OpenAI. Apesar de grandes exageros e muitos palpites, não há como negar que LLMs contribuem para pensarmos em diversos desafios na educação. Aqui, vamos abordar o tema a partir da questão da abertura focando em dois grandes temas: (1) de que forma a IA generativa impacta as discussões sobre direito autoral? e (2) de que forma a IA entra na educação através da plataformização e qual é o seu impactos no movimento da educação aberta?
12/dezembro – Apresentações
Último dia programado. Encontro (e confraternização) final.
Você pode escolher entre apresentar um panorama crítico da aula/disciplina (10 minutos) ou apresentar uma mini-aula sobre um dos temas que abordamos (10 minutos).
19/dezembro
Não haverá encontro. Entrega das avaliações finais e resumo das postagens, blogs e #saberlivre.
Imagem: Security lock. CC-Zero, disponível em: https://openclipart.org/detail/314723/cyber-security-lock